sexta-feira, 7 de dezembro de 2007

Borrão Vermelho de Sangue

Quero escrever o borrão vermelho de sangue com as gotas e coágulos pingando de dentro para dentro. Quero escrever amarelo-ouro com raios de translucidez. Que não me entendam pouco-se-me-dá. Nada tenho a perder. Jogo tudo na violência que sempre me povoou, o grito áspero e agudo e prolongado, o grito que eu, por falso respeito humano, não dei. Mas aqui vai o meu berro me rasgando as profundas entranhas de onde brota o estertor ambicionado. Quero abarcar o mundo com o terremoto causado pelo grito. O clímax de minha vida será a morte. Quero escrever noções sem o uso abusivo da palavra. Só me resta ficar nua: nada tenho mais a perder.


A tela e o pincel foram outros instrumentos utilizados por Clarice para expressar toda a sua sensibilidade. Escolhi, para ilustrar esta maravilha de poema, a tela Tentativa de Ser Feliz (muito linda).




Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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