quinta-feira, 18 de dezembro de 2008

Madame Butterfly . o filme


* Série . Cinema *
a obra de Puccini no cinema
Madame Butterfly
Direção: David Cronenberg
Ano: 1993
País: Inglaterra
Título Original: M. Butterfly
Gênero: Drama, Musical
Elenco: Jeremy Irons, John Lone dentre outros
Sinopse: Um filme arrebatador de D Cronenberg que se baseia numa história verdadeira, não nos esqueçamos, e que, como a poesia do Camões, parte de um mote – a ópera Madame Butterfly – para através de umas gloriosas voltas, aqui de argumento, não cessar de nos espantar. Este é um filme sobre a transsexualidade. Sobre uma mulher num corpo de homem, ou o seu sonho, ou o seu delírio em epífise na ópera de Pequim. Funcionário do partido ? Não eram todos então ? Não há voz mais hipnotizadora, nem movimentos mais calculados. René é o seu rapaz, como faz qualquer mulher dá-lhe a provar o sabor enganador do domínio, quando o caudal do amor é sempre ela que o controla. E tem esta mulher a vantagem de ser homem: (sendo um homem)“she knows the best ways to please a man”. E aí se mantém o enigma das palavras, o teatro falado que é a única verdade de Song Liling, e a única verdade neste filme, que poderia ser narrado ouvindo apenas as deixas dela/dele. Ela só terá vivido realmente (como mulher) nos poucos dias de idílio que teve com René. E a falsa gravidez cria a única solução possível: como bom ocidental René vê Song Liling como mulher e logo santa, as mãos não procuram mais. Como seria possível esta gravidez ? Estamos em delírio, isso não importa. O desenrolar do filme acelera quando após o hiato da Revolução Cultural, uma parte do filme um pouco decorativa, Lone nos surpreende em Paris. Julgamos que temos mais romance mas René na sequência seguinte é preso pelos serviços secretos franceses.Passaram porém 14 anos de vida marital em segundos de filme. E continuamos apenas a ouvir Song Liling, a voz que nos conta a história. A traição, a espionagem, o embuste filial, tudo isso se torna secundário no julgamento. A cara é agora masculina mas a voz é a mesma. O espanto sobre como aqueles dois corpos conviveram durante esses anos que não são filmados não cessa. No carro celular Song Liling percebe porém que “never East and West shall understand each other”, e que René não consegue olhar para além do homem (nu) que tem à sua frente, e ver o essencial. Desiludida esta mulher vai-se embora.O fim de Madame Butterfly/René Gallimard, apesar das pinturas e da indumentária é o fim de um ocidental que julga que “que amou uma mulher – perfeita – criada por um homem”. Esse homem que afinal era uma mulher e que o amou profundamente, ou também através dele a possibilidade de ser amada como mulher. René Gallimard no fim é uma Butterfly/ uma borboleta comum, queimada pela luz de um amor que o superou. M Butterfly não é um filme sobre a política. Tangencialmente aborda as questões Este/Oeste. E não é um filme homossexual. O filme de David Cronenberg é sobre a transsexualidade, ou melhor, sobre a sexualidade. E sobre o difícil jogo que pode haver entre o desejo do “eu” e a marca corporal que o delimita. Marca de água que ainda não aprendemos a romper.




cena final . enfim, simplesmente fantástica



Paulo Braccini
enfim, é o que tem pra hoje...

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